O jornal O Globo publicou, em 16/09/13, artigo de autoria do Vice- Presidente região Sudeste da ABAR, Herval Barros sobre os novos investimentos em transporte público no Rio de Janeiro. Leia a seguir:
Artigo* O alto custo da inércia
A onda de manifestações, que tiveram seu justo objetivo inicial – de baixar o preço das passagens – atendido, também teve o mérito de inserir o transporte público no centro da agenda política nacional. A grande maioria do povo brasileiro reclama, com razão, da má qualidade dos transportes e seu alto custo – pesquisas oficiais demonstram que as tarifas podem consumir até 10 por cento do orçamento de famílias com renda de até cinco salários. Não é fácil argumentar. Mas é preciso.
Aos fatos. As discussões sobre o que é mais eficiente, se a gestão estatal ou o modelo privado com agências reguladoras, atravessaram o século passado e chegaram ao século 21 praticamente zerando os investimentos nos transportes de massa. Os anos de inércia acumularam um passivo imensurável, pelo qual se paga um preço muito alto nos dias de hoje.
Dentre todas as infraestruturas, o transporte é o que mais exige investimentos caros e continuados, pelo que ele representa para a economia, para as cidades, para as famílias e para o desenvolvimento humano. Entretanto, no Rio de Janeiro como no resto do país, a década pré-privatizações e a que se seguiu foram décadas praticamente perdidas pela carência de investimentos novos.
O Rio de Janeiro corre contra o tempo perdido. Estima-se em R$ 15 bilhões a soma dos investimentos previstos até 2016, na modernização dos trens, barcas, metrô e corredores de ônibus.
O metrô saiu do imobilismo que se encontrava e, até 2016, vai crescer 53 quilômetros, mais que duplicando a extensão atual com a construção da Linha Quatro, com 16 quilômetros, de Ipanema à Barra da Tijuca, e da Linha Três, com 37 quilômetros, do Centro de Niterói a Itaboraí.
Na rede ferroviária, os problemas já foram muito maiores. A renovação da frota em curso, com aquisição de 120 novos trens, a implantação de moderna tecnologia de sinalização e um novo Centro de Controle Operacional, mais a reforma e construção de estações acompanharão uma nova realidade, com mais acessibilidade e conforto.
O mesmo ocorre em relação às barcas, que assistiram quintuplicar o número de passageiros durante uma década sem a contrapartida necessária de investimentos em novas embarcações e obras de ampliação e modernização dos terminais. Soluções que só agora começam emergir com um novo ciclo de investimentos, que irão melhorar obrigatoriamente os serviços.
Também a agência reguladora que tem o papel de fiscalizar os contratos das concessões sinaliza um novo tempo para o usuário-consumidor das concessionárias de serviço público de transporte do Rio. O fortalecimento da autoridade de regulação é indispensável.
Ainda há muito por fazer, espera-se, por sucessivos governos comprometidos com o bem-estar e o bolso da população. Que seja sempre com o olhar no futuro para não retroceder novamente.
Herval Barros de Souza é vice-presidente da Associação Brasileira das Agências de Regulação- ABAR e Conselheiro da Agetransp/RJ.