ADASA- Conchas dão aspecto marinho às praias do Lago Paranoá

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O Lago Paranoá vem recebendo uma nova e colonizante população de pequenas conchas, observadas por técnicos da ADASA durante vistorias na região. De cor variando entre o marrom ao amarelo, são encontradas as margens do lago e, com sua  beleza, as conchas trazem  um aspecto litorâneo ao Paranoá, e, em seu interior um molusco muito apreciado na alimentação asiática, principalmente a chinesa.

Segundo a professora Maria Julia Martins Silva, das UNB, o molusco pertence à classe bivalvia, do gênero Corbicula, espécie C. flumínea e seu nome científico   é Corbicula flumínea, conhecido comumente como  como “Amêijoa Asiática” – o molusco da prosperidade ou molusco da sorte.

A espécie dispersou-se pelo globo, oriunda da Ásia, através da água de lastro de navios mercantes. Os cargueiros enchem os tanques com água para ajudar no equilíbrio da embarcação, durante a viagem. Quando chegam ao seu destino e enchem os porões com carga, jogam fora a água que trouxeram de outras regiões do planeta. Junto com água podem vir animais e plantas exóticas, como foi o caso da Corbicula flumínea ou molusco da sorte.

Os pequenos moluscos chegaram ao Brasil no final da década de 1960, pelo Rio da Prata, onde fazemos fronteira com o Uruguai e a Argentina. As águas do Paranoá, que deságuam no São Bartolomeu, que engorda o rio Corumbá que é afluente do Paranaíba que, por sua vez, engrossa o rio Paraná que deságua no rio da Prata.  Usando tortuosa rota, em 30 anos os moluscos chegaram ao Planalto Central.

Em estudo de 2006 feito por Rodrigues, JCA, Pires-Junior, OR, Coutinho, MF e Martins-Silva, MJ (Brazilian Journal of Biology; vol 67, n 4, pág 789-790, Novembro 2007) estimou-se que a espécie invasora chegou ao Lago Paranoá no ano de 2000. Em 2006 professores da UNB estudaram a invasão e identificaram que a espécie estava restrita a poucas áreas do lago, principalmente nas imediações da Ponte do Bragueto.

A expectativa de vida do molusco é de 4 a 5 anos e sua concha pode atingir até 4 centímetros. O molusco, ao filtrar a água, utiliza o plancton para se alimentar principalmente o “fitoplâncton”, algas microscópicas que dão a coloração verde ao lago.

Essas conchas, segundo biólogos, podem ser utilizadas como um bioindicador da qualidade das águas do lago. Eles gostam de águas calmas e com alta taxa de oxigenação. Onde há poluição excessiva, o molusco não sobrevive, pois a  espécie é relativamente frágil, sensível em especial a compostos nitrogenados e variações bruscas nos parâmetros qualitativos da água.

Também como filtradores, absorvem e mantém em seus tecidos substâncias que porventura existam nas águas, tecidos esses que podem ser usados para investigar a  presença ou não de substâncias nocivas à qualidade das águas, técnica esta que já vem sendo praticada pelos portugueses para monitorar o rio Tejo. No Paranoá os técnicos salientam a necessidade de acompanhamento da evolução desta população.

Fonte: Assessoria de Comunicação/ADASA